20 de junho de 2011

António Jose Seguro lança um livro

Os sinais mais perigosos de todos, no entanto, foram precisamente a cegueira e a indiferença em relação à proximidade da crise – e a quase absoluta incapacidade para prever soluções e alternativas que privilegiassem o lado humano da vida em sociedade, a proteção das pessoas em vez da proteção das entidades financeiras, geralmente abstratas, egoístas e globais. A ausência ou a falta da política revelaram-se não apenas perigosas mas letais para as democracias contemporâneas, sitiadas pelos mecanismos financeiros que lhes asseguravam uma frágil e periclitante sobrevivência – mas que retiravam autoridade e capacidade de intervenção aos cidadãos e às instituições públicas. Sabemos hoje que essa cegueira e essa indiferença nos conduziram a um caminho estreito de onde só poderemos sair com uma determinação de sensatez que não fustigue a esperança nem abdique da criatividade. Também esses elementos são fundamentais para a prática política dos nossos dias, e convém que não sejam confundidos com o falso otimismo dos vendedores de ilusões e de uma modernidade banal, inculta, empobrecida, decidida a conquistar e a manter o poder a todo o custo (seu único objetivo), e incapaz de perceber que governar é, sobretudo, decidir em função do futuro das novas gerações, respeitando as lições da História e as regras da democracia.»