24 de junho de 2011

Novo Ciclo, com Seguro.


Com a saída de cena de José Sócrates, o Partido Socialista parece ter reencontrado uma serenidade que há muito não sentia. A verdade é que o país deixou de ter alguém a quem bater, deixou de existir a “mascote” de todos os males. O governo foi censurado nas urnas e agora urge olhar para o futuro. O PS está na oposição e decorre internamente o processo de escolha do novo líder.

O que está em causa é ser capaz de voltar a unir o partido em torno da sua matriz, dos seus princípios, da bandeira de punho fechado, do seu simbolismo e da sua razão histórica. O que está em causa é devolver aos militantes o orgulho de serem militantes de um partido responsável pela consolidação da democracia em Portugal e das principais reformas políticas. O que se procura é alguém que traga serenidade interna, que seja capaz de ouvir, que traga a utopia de querer a diferença, que devolva esperança e motivação.

Quem olha para o passado dos candidatos sabe que as diferenças não são suficientes para dar bola preta a este ou aquele. Não é este o debate que interessa. O que importa é pensar o partido com todos os militantes, sem excepção, considerar todos os contributos, não excluir ninguém, não fazer caça às bruxas, não eleger inimigos internos, não inventar fantasmas. O que deve ser relevante é organizar o partido para ser uma força política responsável na oposição, é isso que os portugueses pedem e exigem. Pede-se, por isso, um PS à altura dos pergaminhos da sua história.

Nesta conjuntura escolher entre António José Seguro e qualquer outro candidato não é uma questão menor. Os portugueses sabem que o estilo pessoal, ou seja, aquilo que caracteriza indelevelmente a personalidade de cada um, também entra nas contas da escolha. Não havendo diferenças ideológicas, as variáveis pessoais são determinantes para credibilizarem os diferentes projectos. Muitos dizem hipocritamente que as relações pessoais não devem influenciar a escolha, mas todos sabemos que as vivências comuns, as lutas partilhadas, as afinidades são determinantes. Quem se põe em bicos de pés para encontrar uma agulha no palheiro, onde não há lugar a sofismas, não convencerá ninguém, por mais força que diga existir nos seus argumentos. Eu confesso-me apoiante de António José Seguro, com alegria e sem dúvidas. É o reencontro com alguém que conheci na Juventude Socialista, com um homem que sempre foi elegante no debate político, que sempre foi discreto e que sempre cultivou o bom senso. Claro que alguns argumentarão que estes são pecados capitais, que isto é calculismo, que se escondeu…etc. Mas todos sabemos que quem faz alarido destes argumentos, também sabe qual vai ser o resultado eleitoral. Quem bate na rocha sabe por que bate, embora nem sempre tenha a certeza que será ouvido pelas “sereias”.

Os que sempre defenderam a mudança, às vezes a ruptura, são aqueles que aparecem mais coladinhos ao “barulho”. António José Seguro rompe com quase tudo, menos com o melhor do PS: os seus militantes, o seu legado histórico, a coragem de fazer o que falta, para fazer o que deve. Neste momento, apoiar esta mudança é iniciar um Novo Ciclo onde todos devemos querer participar em nome de uma esquerda democrática e de um Partido Socialista mais autêntico e mais humanista. Apoiar António José Seguro é um desafio pessoal e, também, um imperativo de consciência.

António Vilhena

Publicado no Diário de Coimbra – 23/06/2011